EMBUSTES DE MEU REFLEXO



Não vês, espelho, que não me refletes?
Tua imagem me engana
Fiz de tudo para ser eu mesma
E refletida não me vistes...
Porque me colocas nessa síndrome?
Sentes minha leveza presa
Minhas flores murchas
Nascem na beira...
Vento desafinado que não ouves
Acha-me pedra bruta
Intacta...
Efêmera ribanceira
Dessa pedra dá-me o bronze
Brilho fosco que ninguém vê
É como grito ecoado
Sem timbre
No vácuo...
Na tua imagem
A chuva não me molha
Cai sozinha
E semeia ao meu redor
Fertiliza apenas sonhos
Que acordados se movem
Em minutos remotos
Não são meus
Não sou eu
Teu vidro embaçado
É inerte...
Sozinho se perde
Vês apenas o que mostro
Mas o que sou
Vive em mim
O que não vês
Resplandece...
Glorifica...
Incendeia...
Porque o que pouco sou
E o que muito sinto
Nunca caberia
Na tua sólida cadeia...

Espelho, meu espelho...
Tu mentes...
E eu me liberto agora
Sucumbo ao meu Eu
Que ficara preso
Esquecido
No ardil vidro teu...

Ka Santos

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